Notas sobre o papel do gestor remoto: brainstorming, gestão partilhada, compensações.
- Luís Pedro Monteiro
- 8 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mai. de 2023
Vivemos tempos complicados. Muito se exige a famílias e empresas hoje, nada se lhes pode dizer sobre o amanhã. Tempos assombrosos, imprevisíveis e transversais a todos os setores.
Do ponto de vista do teletrabalho, requer bastante a trabalhadores e gestores de equipas. Quanto ao trabalhador, sobressai a dificuldade em manter uma disciplina regular, ao gestor a capacidade de prever a dinâmica da sua equipa, procurando conduzi-la a bom porto.
Aqueles que desempenham as suas atividades essencialmente de modo remoto, têm procurado transmitir algumas ideias que entendem por relevantes. Foi o meu caso quando, por exemplo, escrevi este artigo:
Com efeito, a realidade opera num registo diferente. De nada serve proclamar boas práticas se o impulso principal não residir no compromisso e esforço necessário de quem, repentina e inesperadamente, passou a desenvolver a sua atividade de modo remoto.
E a verdade é que o trabalho remoto, e a implementação de boas práticas, exige tempo. O trabalhador que enfrente dificuldades e cometa alguns erros, não deve autocondenar-se. Faz parte do processo.
Desde logo, na simples distinção entre aquilo que é a sua casa enquanto espaço de descanso, de refúgio do quotidiano e, simultaneamente, se tornou o seu local de trabalho.
Depois, na ausência daquilo que, juridicamente, designamos por poder de direção do empregador, que ficou profundamente afetado, não obstante o controlo operado virtualmente.
São várias as circunstâncias que afetam a disciplina regular do trabalhador remoto. Cabe ao gestor não desconsiderar essa realidade e agir no sentido da compreensão e motivação ao invés da censura repreensiva, sem prejuízo da definição de determinadas regras ou práticas que atendam a alguma rigidez.
Deixo três sugestões que, da minha perspetiva, são úteis:
Brainstorming
Prática excelente para gerar interrogações, discussão e intensificar o envolvimento da equipa num propósito comum.
Existem diferentes metodologias, basta puxar pela criatividade e adotar aquela que melhor se adequa às circunstâncias.
Gestão partilhada
Envolver o conjunto na definição de estratégias de gestão, integrar de modo rotativo – se possível – trabalhadores na assunção de determinadas responsabilidades na própria gestão. Isso permite ao gestor dedicar-se mais à dinâmica ou situações particulares, gera um sentimento de responsabilidade partilhada, melhora a motivação e dinâmica do trabalhador.
Compensações
Faz todo o sentido definir alguns modos de compensar o trabalhador que se esforça incondicionalmente. E não passa somente pelo elogio, pela demonstração da relevância do seu envolvimento, mas compensar com vantagens materiais efetivas, por exemplo, prémios diferidos para o futuro (condicionados, é certo), recomendações sobre o seu profissionalismo com vista à opção pelo teletrabalho no pós covid-19, ou outras que se podem equacionar.
Creio que o gestor remoto, mais do que uma autoridade, deve ser um facilitador e colocar-se ao mesmo nível que os seus trabalhadores. Afinal, ainda que a experiência enquanto gestor seja evidente, ainda que seja um estratega irrepreensível, está a operar num mundo diferente, devendo percebê-lo e agir em conformidade.
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