RICHARD KUKLINSKI: «Do you see The Iceman Crying? Not very macho»
- Luís Pedro Monteiro
- 10 de nov. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mai. de 2023
«If I had a choice, I would like to be better», diz.
Hoje falo-vos sobre um assassino profissional. Não se trata de ficção, é antes um exemplo de que a realidade supera a ficção, a léguas.

Com 16 anos de idade, aprendeu que a violência era a melhor forma de resolver as coisas e decidiu fazer disso a linha mestra da sua vida: tornou-se um assassino profissional.
Levava a sua profissão muito a sério, colectando mortes ano após ano. Não fala concretamente sobre o número, mas questionado sobre se matou 100 pessoas, diz que aproximadamente. Acaba por consentir em 200 mortes. Já não se lembra.
Como qualquer trabalhador, constituiu família, teve 2 filhos e levou uma vida normal e insuspeita. Certo dia, chegando a casa de carro com a sua família, deparou-se com dezenas de carros da polícia a bloquear o quarteirão, helicópteros à mistura, típico filme Hollywood. Esta foi a forma simpática da sua esposa descobrir que se deitou anos a fio ao lado um assassino da pior espécie.
Exerceu atividade durante trinta anos, trabalhando para várias famílias da máfia, como os Gambinos por exemplo. Matou a tiro, matou com veneno e impulsionou a sua carreira com o uso do cianeto. Congelava cadáveres por vários dias para confundir a data da morte, se a situação o impusesse, recorria a um serrote para se desfazer dos corpos.
Em certa altura foi contratado para matar um homem que, ao se aperceber do seu propósito, implorou a Deus pela vida. Deu-lhe meia-hora para pedir a Deus que viesse alterar as circunstâncias. Decorrida a meia-hora, matou-o («God doesn't show up», diz). Acaba por demonstrar algum arrependimento nesse caso concreto. Mas parece ser um arrependimento de ética profissional e não propriamente por consideração à vida.
Usava 3 pistolas e uma faca («just in case») e às vezes tinha de trabalhar em datas importantes. Num determinado ano, teve de completar um trabalho na noite da consoada. Foi rápido. Executou o trabalho e depois voltou ao aconchego da família.
Ao contar a sua história na prisão, diz não se arrepender de nada, nem procurar perdão algum, apenas o da sua família. A esta altura da conversa, emocionando-se ligeiramente, fica um pouco em silêncio e acaba por dizer: «Do you see The Iceman crying? Not very macho».
Um psicólogo norte americano, qualifica-o não como um serial killer, mas um predador de seres humanos. Não podia estar mais de acordo.
Richard Kuklinsky faleceu em 2006, na prisão de Trenton, em New Jersey.
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