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Uma longa lição da vida. 11 de setembro.

Atualizado: 30 de mai. de 2023


Tinha 12 anos quando, no dia 11 de setembro de 2001, o terror chegou ao coração da superpotência EUA.


Que dia aquele. Recordo-me vivamente, apesar da tenra idade, do medo que observei no olhar dos adultos ao meu redor, da imponência das imagens que representavam os milhares de vidas colhidas num flash.


Toda a nossa História está envolta numa certa aura de sofrimento, na perda de vidas de quem, não fazendo parte das causas, não pode evitar as consequências.


A busca milenar pelo valor da Justiça sempre tomou o lugar mais frágil da balança da História. Infelizmente, milhões de seres humanos vivem uma vida inteira sem conhecer o significado de Paz, sem oportunidade de Autodeterminação, sem possibilidade de Amar Incondicionalmente o próximo.


Naquele dia os holofotes foram apontados para as Torres Gémeas. E o progresso tecnológico, existente na época, permitiu perpetuar cada segundo daquela tragédia sanguinária.


Os registos de milhares de telefonemas naquele dia, entre familiares, permitem-nos observar isso. Algumas daquelas pessoas terminaram a jornada em paz consigo mesmas, outras partiram envoltas na angústia do arrependimento.


Hoje compreendo a mensagem inalcançável à consciência de um miúdo de 12 anos. Não era o terror, não era o medo, nem as conspirações envoltas que mereciam destaque: era a vida humana e o seu valor. Compreendi as palavras de Dalai Lama:


"(...) O homem viver como se nunca fosse morrer, morrendo como se nunca tivesse vivido".


A vida é frágil e a viagem é curta. Aí reside a beleza das pequenas coisas, dos laços que criamos, das memórias felizes guardamos. Foram muitas as vidas perdidas, muitas as histórias inacabadas.


Houve quem deixasse muito por dizer, muito por fazer. Alguns pela impossibilidade do tempo, outros por terem guardado determinadas vontades na gaveta. Era tarde demais.


O porquê daquele dia ter deixado uma marca profunda num miúdo de 12 anos, viria a tornar-se numa longa lição da vida, que encontra o fundamento nas palavras que António Feio nos deixou:


Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer”.


Afinal o que é a vida senão uma breve passagem num planeta aleatório do universo, que entre o equilíbrio do dever e a ambição do querer, não nos deixa outra opção que não seja ser fiéis a nós mesmos, procurando complementaridade nas relações com os demais, nas memórias agradáveis ao longo do percurso que servem de reconforto no momento da partida. A nós, que partimos; aos outros, que nos mantêm vivos no seu pensamento.

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